Weconomy Tuner - 1924 - Western Electric Co. (GB) Restauração
Em maio de 2013, adquiri de um antiquário em Belo Horizonte /MG um receptor de rádio construído em Londres no ano de 1924, pela Western Electric Co. Ltd. Trata-se de um “tuner” que pode ser usado para posterior amplificação. Funciona no sistema TRF (Tuned Radio Frequency) e utiliza duas válvulas 4215AB. A aquisição foi um “tiro no escuro”, posto que eu quase nada sabia sobre sua montagem e possibilidades de funcionamento. Mais um desafio, como tantos outros... A pesquisa confirmou a minha intuição: mesmo consultando o www.radiomuseum.org e o experiente amigo Konrad Birkner (DE), não havia dados sobre o restauro. A solução foi procurar esquemas da primeira metade da década de 1920 com as mesmas válvulas para fazer a “gnose” do receptor.
1. As válvulas
Iniciei por conhecer as válvulas, absolutamente raras e com uma inovação para o início da década de 1920: o seu pequeno tamanho, prenunciando as famosas “miniwatt” que dominariam o mercado nos anos 1940. As válvulas 4215AB ou 215A foram fabricadas pela primeira vez em 1923, pela própria Western, nos Estados unidos. Elas possuem apenas uma grade, placa e filamento. Quando testei as que vieram no Weconomy, uma estava com o filamento interrompido. Mais uma vez contatei o amigo Howard Stone www.stonevintageradio.com (USA), o qual me vendeu duas 215A “NOS” (New Old Stock) na caixa original e com folha de instruções. Dados principais: Filamentos = 1,1 V máx. / 0,25 A. Placa = 90 V máx. / 2 mA.
2. O esquema
Como já dito, o esquema foi exaustivamente procurado nos melhores sites e não encontrado. A solução era única: fazer o esquema! Mas para fazer um esquema não basta copiar a fiação, mas realizar um entendimento de como funciona o receptor. Pus em marcha a tarefa sobre o receiver dos anos 1920. Até mesmo o nome “Tuner” deu a impressão de um mero sintonizador que necessitaria obrigatoriamente de uma amplificação adiante... O esquema, com a vênia pelo mau desenhista, encontra-se a seguir.
A raridade de 1924, absolutamente inusitada, tinha que ser analisada com absoluta calma e precisão. O circuito é simples, mas as dúvidas nem tanto! Logo verifiquei duas peças contendo um pino de carbono envolto num cilindro metálico e com um parafuso de regulagem. A imaginação e a experiência levaram crer sobre duas resistências reguláveis, o que não se confirmou, posto que não havia passagem de corrente entre as duas extremidades. A tese do irmão Darlou e os testes resolveram o enigma: são dois “trimmers” da época, com capacitâncias muito pequenas! As duas peças estão marcadas no esquema acima como T1 e T2. Fotos acima.
3. O restauro elétrico
Enquanto a encomenda das válvulas não chegava, procurei outras que as substituíssem para adiantar os testes. Usei duas válvulas 1T4 (filamento de 1.4 V / 50 mA ; placa +B de 45 a 90 V ; screen de 45 a 67 V) usando apenas estes elementos mais a grade sensível. O abastecimento de corrente contínua para os filamentos foi feito por duas pilhas comuns. O +B foi suprido por uma “fonte antiga” construída pelo saudoso amigo Ari Zwirtes a partir de uma válvula retificadora AZ1. As figuras abaixo mostram a fonte geradora de +B e as duas válvulas de teste 1T4.
Adiante, fiz a “gnose” dos bornes de conexão do Weconomy. Conforme as fotos abaixo, “R+” e “R-” = fones; “45 +” = positivo +B (67 VCC) ; “+ -“ = -B e tensão positiva dos filamentos ; “LT-“ e “E” = tensão negativa dos filamentos. “A” e “C”, antena externa e antena lateral, conforme a recepção desejada. A audição foi feita com um par de fones marca Sterling Telephone & Electric Co. Ltd. (GB), com 4 K ohms em série (2 mil ohms cada).
Os knobs são laterais e dispostos de cima para baixo, conforme foto acima: V2= condensador variável de antena (RF); V1 = condensador variável de ajuste; R = Reostato de fio para tensão de filamentos (“volume”); L2 = variocoupler (bobinas móveis).
Enfim o Weconomy sintonizou emissoras locais de Ondas Médias! Os resultados melhores foram obtidos com 67 VCC na fonte de +B e máxima voltagem nos filamentos das válvulas 215-A. Alerto que sempre tive o cuidado em usar pilhas boas, porém já usadas e cuja soma de voltagens não ultrapassasse 2,6 VCC aproximadamente: a tensão máxima dos filamentos das válvulas 215-A é de 1,1 VCC cada uma. Ultrapassar poderá queimar os filamentos e produzir um grande prejuízo.
4. As bobinas - antena
Após receber as duas válvulas 215A do Howard Stone, a recepção tornou-se mais precisa e potente. Realizei testes com a bobina de antena externa original lateral, (foto superior à esquerda) uma “honey comb”, (favo de mel ) na posição L ext2, . Há um “adaptador metálico” no Weconomy para o caso de uma ligação direta (de “A” para “C”) conforme o esquema (foto de baixo à esquerda). No lado de cima do gabinete de madeira, foi colocada uma bobina “spider coil” (teia de aranha) na posição L ext1, foto à direita. Eu a possuía desde a restauração de um monovalve modelo “453” Lindström – Telefunken, de 1924. Esta combinação ampliou a recepção e o volume, juntamente com o ajuste dos dois “trimmers” (T1 e T2).
A compra do Weconomy, feita na loja do antiquário Pierre www.antiquedesign.com.br incluiu um alto-falante tipo “horn”. Fiz testes para adaptá-lo ao Weconomy, mas produziu um volume muito baixo: há a necessidade de “casar” as impedâncias. Os fones são de 4 K ohms e o “horn” possui apenas 2 k ohms. Este desafio ficará para mais adiante. Quem souber o ano e marca do “horn”, me contate através do botão "Contato" no menu do site. Ele tem as iniciais “Z A”.
5. Conclusão
Abaixo, as fotos finais do restauro do Tuner Weconomy, Western Electric Co. Ltd., London, 1924.
Daltro D’Arisbo julho/2013
www.museudoradio.com
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